terça-feira, março 30, 2010

Por mim.

Eu só vejo felicidade... Nos cantos, nos montes de roupas malucas, no tapete de pétalas sintéticas, na voz diferente que faz o coração querer rasgar o corpo e tudo mais que envolve o outro.
Eu só enxergo o primeiro sorriso, só me justifico pela primeira frase e me corrijo pelo encanto e o desespero que se amarraram pela falta de pergunta, pela dúvida tirada na marra. Eu te amo.
Só me sustento pelo jejum do dia seguinte, pela urgência do corpo, por ter a resposta perfeita. Meu amor.
Eu só vejo felicidade... Nos meus sapatos, nas coisas que vieram junto, na falta de importância do que eu guardei.
Eu não compreendo planos, não consigo mais deixar a mágoa ser minha. Eu só vejo felicidade... Em todo esse sentir, em estar pronta pra fugir, em saber o que existe e não tem fim... tentar prever, imaginar como, adivinhar quando vai ser a próxima notícia boba de nós dois.

"Falando absurdos, pontuando títulos..." (:

sábado, março 20, 2010

Elas tinham dono

Feitas do que o corpo dizia, feitas do derramável, do que só eu sei.
Boas, muitas. Redações públicas dos sextos, elas eram minhas, presentes pra quem não podia aceitar. E diziam sim em todas as letras, com rabiscos, com cores, fotografia ou gelo de maçã. Eram bêbadas, insônes, frouxas, arrastadas no gosto pela dor. E ele dizia mais, conhecia todas melhor que eu e o significado da enrolação e a liberdade da simplicidade.
Nós tínhamos planetas estranhos, nos casaríamos na infância com o ciúme, esperando os outros amores.
Mudei de assunto... Eram elas, era ele, elas tinham dono.
Elas tinham corpo, razão de ser sem lamentar de verdade. Lágrimas mentirosas, contadas só no papel. Não, eu não chorava tanto assim. Era drama, era era enfeite, cortejo.
Elas acabaram, mas voltam e vão pra provocar. Eu quero isso de volta, quero o desleixo da solidão.

sábado, janeiro 02, 2010

Vê se me entorta

Eu gosto dessa cara de sono, dos olhos fundos, cansados, que imploram. Eu gosto do sorriso torto, do desespero pra me convencer. Bico, língua, tudo de uma vez.
Ah, esse charme do que não convence!
Eu acredito em outras coisas. Nas extremidades, no que o corpo sente, nos sobrenomes italianos, na singularidade dos cheiros. Eu acredito nos ruivos e nas revoluções momentâneas de espírito. Acredito porque acontece muito comigo.
Eu tenho planos com o óbvio, quero paredes muito brancas.

sábado, novembro 28, 2009

28.

Eu não tenho mais o que remoer, além do que eu não entendo, o que ficou é sereno.
Dói porque é saudade, dói porque agora me lembro do último beijo e era melhor não lembrar. Dói porque tem que doer.
Hoje eu preciso arrumar meu quarto, me livrar de vez do que machuca. Tentar.
Perdida na minha bagunça, em toda ela. Cada minuto me trás um sentimento diferente, cada nota é um pulso, uma conclusão, um desejo novo.
Desde domingo tenho usado o twitter pra expor meus extremos sentimentais. Hoje o que eu tenho a dizer é tão pouco, que não rende uma frase decente. Deixo as músicas esclarecerem essas sensações que só interessam a mim, mas que insisto em divulgar. Patético.
Mas agora é isso. Agora somos eu e minhas carências patéticas, eu e meu amor não mais correspondido e patético, eu e meus planos possíveis e impossíveis e patéticos.
Agora somos eu e o medo. Eu, que não aceito sugestões e quero respostas. Eu, que perdi a fé numa dessas poucas certezas que a gente tem.
Ele me diz pra ter cuidado e eu vou, é claro que vou. Não tenho mais o sorriso que me mantinha de pé, não tenho mais nada. Não tenho nem a palavra insistente que fazia disso um amor.
Ontem eu tinha a palavra, ontem eu tinha a certeza, a clareza das coisas. Hoje eu acordei com meu amor de volta, com o um sorriso no rosto, e vou dormir incrédula, sem vontade, sem nada.
E me deixa! Me larga nos meus dramas! Porque antes fosse o tempo, antes fosse qualquer coisa.
Eu tenho direito de me lamentar, eu tenho direito de jogar fora esse tempo que não passa.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Acabou

Não consigo chorar. Meu coração grita, mas meu corpo simplesmente não reage.
Eu sinto a dor que tudo isso traz, eu sinto esse medo do definitivo, eu sinto pena de certas necessidades alheias. Eu sinto um pouco de nojo, e a diferença do que foi amor com esse sentimento escroto que roubou meus últimos meses.
Eu não me lembro do ultimo beijo. Eu não consigo sentir raiva.
Acabou... E as mentiras acompanham o fim, porque é mais fácil acreditar na própria mentira, que assumir a culpa, que expor as falhas.
Mas se eu não sou alguma coisa nessa vida, é covarde. E cega e burra também nunca fui, só ingênua de achar que as brigas e o perdão serviam de remendo pro caráter dele. Que pena.
Acabou.

quarta-feira, novembro 11, 2009

De onde vem a calma

Eu to bem. Satisfeita, sozinha, em silêncio e pronta pra escrever pela primeira vez em muito tempo.
Sinto falta daqui... fico triste quando passo muito tempo sem escrever nada que sirva, ou que seja adaptável pra cá.
Isso aqui é feito dos meus excessos. E quando voltei a escrever, depois de apagar os contos, eu queria isso... poder jogar fora os carinhos e as mágoas que transbordassem.
Pois bem, inúmeros assuntos me rodearam nessa minha semana de férias psicológicas. Mas não posso dizer o rumo que esse texto vai tomar.
Comecemos pelo xampu. ..
Comprei um xampu novo ontem, um que deve lembrar a infância de um monte de gente, mas lembra minha adolescência. Aquela primeira pior fase da minha vida.
Não quero parecer tão superficial desde cedo, então se não posso falar dos problemas reais, também não vou falar dos problemas floridos. Fica dito, apenas, que foi a primeira pior fase.
Mesmo assim tinha o Doutor André, a Doutora Marta e meu primeiro suspiro de determinação. Eu usava madeira e cobre e eu era muito feliz. Eu sorria, eu era bonita, fotogênica, inspirada. E eu tinha cheiro de camomila... aquele do xampu.
Depois mudaram os perfumes, duas vezes, e tenho vontade de comprar esses outros xampus só pra ter a sensação de ser aquela menina que eu gostava de ser.
A segunda pior fase veio no fim da então adolescência. Pouca gente sabe, mas quando me mudei, vim com todas as mágoas possíveis. Amizades arrasadas, amores nulos, meio sem me despedir. Mas aí, aqui já era uma terceira fase.
Absolutamente TUDO mudou quando eu saí de casa. Parece óbvio, mas é um pouco mais complexo do que a gente imagina.
Aí eu conheci o Jorge... Quando eu achava que ia ficar sozinha pra sempre, porque nesse lugar ninguém combinava comigo. Quando, pela primeira vez na vida, eu não amava ninguém.
E foi fácil me apaixonar, porque ele era perfeito e gostava de vinho e entendia de sapatos e tinha aquele sorriso... e me olhava de um jeito que me deixava tonta.
Isso mais dois detalhes e eu to aqui... e não é pra dizer que essa é uma sexta ou sétima pior fase da minha vida.
Porque eu nunca estive tão frágil, tão cansada e tão perdida... mas ele ainda tem aquele sorriso.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Tempo e falta.

Mais um discurso sobre amor. Meus amigos acham que me justifico demais por ele. Meu corpo concorda e quase pede ajuda pra abrir a geladeira, pensar, beber água pra agradar o estômago. Eu, com essa minha consciência fraca, só lembro que ainda tenho uma vida acadêmica pra por em dia, uma hora no salão, um resto de tudo que me espera pra fazer funcionar... sozinha.
Mas hoje eu posso dormir tranquila até as dez, e quando acordar posso fazer tudo que a agenda diz sem me preocupar, porque também planejei os possíveis atrasos, calculei o tempo nas filas, deixei o espaço do imprevisto.
Ainda bem que eu não durmo, porque dessas horas que reservo pro sono é que tiro tempo pra organizar tudo isso. E eu sei bem, sem esses meus desabafos escandalosos os relógios parecem esquecer suas funções.
Calendários, listas, lembretes multicoloridos... Até a saudade tem hora pra vir e ir e a única sensação que não evito, porque não posso, é o cansaço.
A semana passada deixou muitos pontos pra mim. Propostas pessoais, conclusões pra lá de complicadas e certezas tristes demais.
Sabe, ser esse poço de emoção tem desvantagens bem piores que esses impulsos visíveis. Deixar qualquer sentimento pra trás, pra mim, é quase sempre como desistir de um pedaço do que eu sou. Bem mais dramático e violento que pra maioria das pessoas. E as dores, claro, demoram muito mais pra ir.
Quando eu era mais nova e, acredite, mais lúcida, podia me dar ao luxo desse charme. Agora as fragilidades vão tão além desses exageros... Mesmo assim, já mudei demais pra deixar qualquer razão ser maior que isso.