sexta-feira, janeiro 12, 2007

Identidade referida.


Nos últimos meses esse meu tão amado dom vinha me largando aos pouquinhos. Meu vocabulário foi encurtando, escondendo-se nos lamentos de cristal, que caiam dos meus olhos e manchavam as folhas pautadas dos meus cadernos de estimação.
Não que a dor maior estivesse impressa ali, no bloqueio das mãos pra deixar correr a grafite página á fora, ou nos versos que não mais se desenhavam nos sonhos e brotavam pela manhã. A dor maior vinha do sufoco, do acúmulo de choro, das pilhas e pilhas de ilusão sustada, refreada, requentada e rejeitada. E de tanto ardor vinha o silêncio dos meus dedos.
Hoje, em algum momento esse retalho de desespero se rompeu. Contaram-se os sinônimos. Seis. E fizeram a autópsia dos quintos passados. Voltei! Não sei se pronta pra romances trágicos, mas naturalmente apta a preencher qualquer formulário de confissão sobre Mirella Lafitte Mahy.
Quanto a mim, já faz um tempo que deixei de lado as velhas metáforas ou o medo de usá-las. A capacidade de compreensão das minhas agonias não é mais a manchete da minha vida. E esta, torna-se, literalmente, um livro aberto. Afinal, o que seria Mirella Laffite Mahy, senão uma bela metáfora excêntrica de Juliana Bravo?

Feliz ano novo!