quarta-feira, outubro 28, 2009

Tempo e falta.

Mais um discurso sobre amor. Meus amigos acham que me justifico demais por ele. Meu corpo concorda e quase pede ajuda pra abrir a geladeira, pensar, beber água pra agradar o estômago. Eu, com essa minha consciência fraca, só lembro que ainda tenho uma vida acadêmica pra por em dia, uma hora no salão, um resto de tudo que me espera pra fazer funcionar... sozinha.
Mas hoje eu posso dormir tranquila até as dez, e quando acordar posso fazer tudo que a agenda diz sem me preocupar, porque também planejei os possíveis atrasos, calculei o tempo nas filas, deixei o espaço do imprevisto.
Ainda bem que eu não durmo, porque dessas horas que reservo pro sono é que tiro tempo pra organizar tudo isso. E eu sei bem, sem esses meus desabafos escandalosos os relógios parecem esquecer suas funções.
Calendários, listas, lembretes multicoloridos... Até a saudade tem hora pra vir e ir e a única sensação que não evito, porque não posso, é o cansaço.
A semana passada deixou muitos pontos pra mim. Propostas pessoais, conclusões pra lá de complicadas e certezas tristes demais.
Sabe, ser esse poço de emoção tem desvantagens bem piores que esses impulsos visíveis. Deixar qualquer sentimento pra trás, pra mim, é quase sempre como desistir de um pedaço do que eu sou. Bem mais dramático e violento que pra maioria das pessoas. E as dores, claro, demoram muito mais pra ir.
Quando eu era mais nova e, acredite, mais lúcida, podia me dar ao luxo desse charme. Agora as fragilidades vão tão além desses exageros... Mesmo assim, já mudei demais pra deixar qualquer razão ser maior que isso.